Francisco, o Papa que mudou a história: do primeiro pontífice latino-americano ao legado de humildade e esperança

Papa Francisco morreu aos 88 anos após um AVC e insuficiência cardíaca. Deixou testamento pedindo sepultamento simples em Santa Maria Maior, reafirmando sua fé na Virgem Maria.
Imagem: O papa Francisco acena em imagem de 2 de setembro de 2023 em Ulan Bator, capital da Mongólia — Foto: Alberto Pizzoli/AFP

O mundo se despediu nesta segunda-feira (21) de Jorge Mario Bergoglio, o Papa Francisco, que faleceu aos 88 anos, em decorrência de um acidente vascular cerebral (AVC) seguido de insuficiência cardíaca irreversível, conforme informou o Vaticano.

​Jorge Mario Bergoglio, conhecido como Papa Francisco, nasceu em 17 de dezembro de 1936, em Buenos Aires, Argentina. Filho de imigrantes italianos, trabalhou como técnico químico, porteiro de boate e professor antes de ingressar no seminário. Foi ordenado sacerdote jesuíta em 1969 e nomeado arcebispo de Buenos Aires em 1998. Em 13 de março de 2013, foi eleito o 266º Papa da Igreja Católica, tornando-se o primeiro pontífice das Américas, o primeiro jesuíta e o primeiro não europeu em mais de 1.200 anos.

Durante seu pontificado, Francisco destacou-se por sua simplicidade e compromisso com os marginalizados. Escolheu o nome Francisco em homenagem a São Francisco de Assis, refletindo seu foco na humildade e na defesa dos pobres. Enfrentou com firmeza os abusos sexuais na Igreja, promovendo investigações e reformas. Também buscou aproximar a Igreja de temas sociais contemporâneos, como a proteção ambiental, expressa na encíclica Laudato Si’, e a inclusão de comunidades historicamente excluídas.

Jorge Mario Bergoglio deixa também um último gesto de fé e humildade: o desejo de ser sepultado na Basílica Papal de Santa Maria Maior, em um túmulo simples, sem adornos, com a inscrição solitária: Franciscus. Essa vontade foi expressa em seu testamento escrito em 29 de junho de 2022, em que ele abre o coração para o mundo, revelando sua profunda devoção à Virgem Maria e sua intenção de descansar no mesmo santuário onde sempre começou e terminou suas viagens apostólicas, em oração silenciosa.

“Confiei sempre minha vida e meu ministério sacerdotal e episcopal à Mãe de Nosso Senhor, Maria Santíssima”, escreveu. “Desejo que minha última viagem terrena termine neste antigo santuário mariano, ao qual recorri em oração no início e ao fim de cada Viagem Apostólica, para confiar minhas intenções à Mãe Imaculada e agradecer por seus cuidados maternos e dóceis”.

Uma vida entregue ao povo

Francisco não sofreu. Segundo o Vaticano, ao sentir os primeiros sinais de uma “doença súbita” — horas antes de sua morte — fez um gesto de despedida com a mão ao enfermeiro pessoal, Massimiliano Strappetti, que o acompanhava há anos. “Tudo aconteceu muito rápido”, informou o boletim. Ele faleceu em paz, após um mês de sua alta hospitalar por pneumonia.

Até seu último suspiro, Francisco trabalhou pelo povo. Um dia antes da morte, contrariando ordens médicas, participou do Domingo de Páscoa na Praça São Pedro, onde, mesmo debilitado, percorreu a praça no papamóvel para saudar os fiéis. Ao enfermeiro, agradeceu:

“Obrigado por me trazer até a praça.”

O túmulo da humildade

Diferente de outros papas que escolheram a cripta vaticana, Francisco pediu para repousar na Basílica de Santa Maria Maior, entre a Capela Paulina (que abriga a imagem da Salus Populi Romani) e a Capela Sforza. Queria estar perto da Virgem que tanto venerou, no santuário mais antigo dedicado a ela em Roma.

No testamento, também indicou que os custos do enterro fossem pagos por um benfeitor, com instruções deixadas ao arcebispo Rolandas Makrickas.

“O túmulo deve estar no chão, ser simples, sem nenhuma decoração especial e conter apenas a inscrição: Franciscus”, determinou.

Um papa que rompeu barreiras

Francisco foi o primeiro pontífice da América Latina, o primeiro jesuíta e o primeiro a escolher o nome do Pobrezinho de Assis. Sua liderança foi marcada por empatia, diálogo inter-religioso, cuidado com o meio ambiente, firmeza ética e coragem para denunciar injustiças.

Foi também o papa da escuta, do abraço, do “cheiro das ovelhas” — expressão que usava para encorajar padres e bispos a viverem próximos ao povo. Em seu pontificado, rompeu tradições, como lavar os pés de mulheres e muçulmanos em rituais da Semana Santa, e não hesitou em criticar estruturas da própria Igreja.

Os últimos ritos e o funeral

O corpo de Francisco foi preparado com vestes litúrgicas vermelhas, cor dos mártires, e está sendo velado na Capela da Casa de Santa Marta. Na quarta-feira (23), será trasladado à Basílica de São Pedro, onde ficará exposto ao público por três dias.

O funeral ocorrerá no sábado (26), às 5h da manhã (horário de Brasília), com missa presidida pelo cardeal Giovanni Battista. Após a celebração, o caixão seguirá em procissão pelas ruas de Roma até a Basílica de Santa Maria Maior, onde Francisco será sepultado.

Uma despedida comovente

Na simbólica imagem divulgada pelo Vaticano, Francisco aparece no caixão, com um terço entre as mãos, seu anel de bispo e a guarda suíça em vigília. Mais que um ritual, é o retrato de um papa que viveu como pregava: com humildade, entrega e serviço.

E como escreveu em seu testamento, o sofrimento que viveu na reta final foi oferecido “pela paz no mundo e pela fraternidade entre os povos”.

Imagem: Associated Press

Imagem: Foto: Reuters

Fonte: Vaticano e G1


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